A Casa do Miguel e da Cátia | Um Conto Longo de Enredos Sobrepostos.

Escrever sobre a casa do Miguel e da Cátia não vai ser fácil: primeiro porque esta casa é um pormenor só (mas gigante), depois porque são duas pessoas com personalidades fortes e isto sente-se em cada fragmento deste (grande) pormenor e para rematar o Miguel é jornalista - vai com certeza analisar cada palavra que escolhi para exprimir o que vi e senti neste espaço!

Arquitectonicamente é uma casa do início do século XX mas recuperada com um traço contemporâneo. O styling torna-a o cenário perfeito para um conto muito longo que atravessa várias épocas, com enredos sobrepostos e outros paralelos mas com um final feliz e tão simples como a vida. Amei!

Quando cheguei à rua deles achei que precisava no máximo de 1 hora para tirar as fotos, fazer as minhas perguntas e alinhavar as minhas notas. Por isso pré-paguei 70 minutos de estacionamento. A verdade é que fiquei 3 horas - lembro-me de imaginar o meu carro a ser rebocado pela Emel mas a conversa estava a saber tão bem que depressa apaguei esse pequeno filme da minha cabeça... Seja o que a Emel quiser, pensei eu!  

Assim que se entra em casa, somos imediatamente recebidos por nós próprios - um espelho redondo, que segundo Feng Shui, traz a energia do elemento água (pura, profunda e calma). A acompanhar esse espelho encontra-se uma pequena mesa decorada com tesourinhos que automaticamente me levaram a minha adolescência (e de certeza também à tua).

À direita está uma sala cheia de luz e a entrada para o quarto principal. Uma porta gigante que corre paralela à parede encheu-me os olhos - não há nada mais funcional que uma porta de correr: disponibiliza o espaço para tudo e mais alguma coisa, como por exemplo um belo par de pernas que me fizeram lembrar Uma Festa Kinky que a Cátia organizou há uns anos.

À esquerda acontece o resto da casa. À medida que percorremos o corredor desvendamos o jardim lá ao fundo repleto de árvores e outros recantos - mostrarei mais à frente. Na sala tudo existe, e a realçar um aparador com vagos traços escandinavos e portas de correr em vidro (que volta a estar na moda) coberto de garrafas de gins - acho que este é o momento para dizer que o Miguel Somsen é um dos fundadores do super badalado Gin Lovers e da única revista de Gin no Mundo.

Perto da mesa de jantar encontra-se um conjunto de chandeliers lindos pendurados num suporte para cabides. Um momento inesperado, ali mesmo disponiveis para apreciarmos a beleza destes objectos que se estivessem a executar a função para a qual foram concebidos, passariam mais despercebidos.

Os objectos desta casa fazem parte duma colecção vasta e ecléctica que o Miguel e a Cátia vão trazendo para casa - garrafas, garrafinhas, bonecos, caixinhas... a tudo é dado uma vida nova mas com a certeza que fazem parte de um todo.

Neste espaço a decoração é uma forma de arte, seja ela literal ou conceptual.

Quando perguntei a ambos qual era a parte da casa que menos gostavam, a resposta foi unânime: a cozinha. Quando se olha para este lado da casa, o primeiro feeling é - gira! mas uma cozinha, antes de ser gira tem de ser funcional, principalmente quando o casal adora cozinhar, apreciar comida e receber amigos lá em casa.

A casa de banho, que eu adorei pelo seu lado glamoroso, também sofre na funcionalidade. Contudo, achei o máximo a forma como eles tornaram o water closet parte integral do resto da casa: livros, bancos e plantas, sabonetes, candeeiros e frascos de perfume: tudo flui como a água.

Last but not the least, o jardim! Não é que o País das Maravilhas da Alice tenha alguma semelhança a este jardim, mas a verdade é que, enquanto falavamos os 3 por aqui (e a Cátia me apanhava limões maiores que as minhas duas mãos juntas) só me lembrava do gato, do coelho, das rainhas, dos irmãos e dos enconderijos que sempre imaginei que a Alice visitava depois do filme acabar. 

Juro-vos que imaginei a Alice entrar pelo buraco desta casinha para pássaros e que lá dentro desdobrava-se outros tantos espaços fantásticos. 

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