A Casa Da Isabel | Everything (But) Out Of The Blue.

Sabes aquela sensação de constante surpresa, admiração, olhos bem abertos e tão brilhantes que quase te turvam a visão? Foi exactamente assim que me senti quando entrei na casa da Isabel. Parecia uma criança que ouvia uma história nova pela primeira vez: em silêncio, queria ver tudo até ao fim sem paragens com um sorriso rasgada de bochecha a bochecha.

Reparem bem nos reflexos, na luz, nas sombras (como se fossem espelhos) que cada objecto cria no espaço. 

Ainda que o conceito out of the blue esteja associado àquela surpresa que acontece do nada, não me consigo dissociar desta frase exactamente porque tudo sobre a casa (e a Isabel) foi inesperado (mas dum TUDO e nunca dum NADA).

Entramos numa divisão e out of the blue há uma porta para outro espaço também este grandioso.
Viramos a esquina do corredor e, out of the blue, há outro tão comprido como o primeiro.
À direita olhamos para uma colecção de máquinas de escrever infinita e no sentido oposto out of the blue há uma colecção de globos ainda mais infinita.
E ainda que o out of the blue não tenha nada a ver com o azul, a alma desta casa é realçada com a cor do céu lisboeta, umas vezes mais claro, outras mais intenso, que entra janelas adentro. Contudo não é a casa que é a extensão do céu, mas exactamente o contrário – é ele que pertence àquele espaço.

Isabel Zambujal, autora de livros para crianças, dona duma criatividade brilhante que se expressa em palavras meigas, sejam elas escritas ou faladas. Foi copywriter anos a fio em agências de marketing e comunicação, directora criativa doutra grande agência mas, ainda que tenho deixado as big corporate business, continua a participar na história de grandes marcas.

Agora que nos preparamos para entrar aconselho as senhoras a vestirem o little black dress e a melhor joia. Aos senhores o tuxedo e os botões de punho mais exuberantes. Calcem os sapatos que mais realcem a vossa elegância porque esta casa pede, e pede também vários copos do melhor bubble wine. Prometo que o gathering vai ser do mais distinto e easy going que alguma vez experienciaram.

O corredor é longo e alto. O primeiro pormenor que agarrou o meu olho foi o design das portas: aquela meia-lua faz desta a porta de interiores mais aconchegante que eu já vi - parece aquele braço que nos abraça por cima dos ombros, não é?

Todos os espaços nesta casa funcionam em conjunto ou em separado. É uma casa, diz a Isabel, com alma e que não precisa de muita decoração – só mesmo de ser partilhada.

Uma sala de jantar que confirma "the more the merrier".

Nesta casa a televisão também tem o seu lugar próprio - todos os espaços têm uma função bem definida.

Gosto de quartos com pouco mobiliário - o essencial para que a sua função seja desempenhada em pleno. Assim é o quarto da Isabel que se começa a apreciar pela cor escolhida: azul oxigénio.

As imagens do water closet foram deixadas sem legenda porque não consigo arranjar as palavras certas para exprimir a paixão que senti no momento que ali entrei. Diz-me tu qual é a melhor legenda!

Uma casa que é sua, repleta de boa energia, que gosta de partilhar, acolhedora, com a luz intensa e a cor que traz o céu até si – é o seu cantinho no mundo algures marcado num daqueles globos que nos mostra com afecto.
Diz que falta uma única coisa: uns palmos de varanda, mais espaço ao ar livre. Talvez sim! Não sei. Só sei que se pudesse tinha trazido a casa toda ao meu colo – toda.